Boa noite
Um destes dias celebrou-se o dia da Família (mais um!).
Lembrei-me a este propósito de um texto que escrevi em outubro de 2013, com o objetivo de fazer uma apresentação no Encontro de Reiki que se realizou em dezembro desse mesmo ano, no dia 8, se não me engano.
Senti que o devia publicar para que pudesse chegar a todos aqueles que encaram o Reiki como uma filosofia e que pugnam pela sobrevivência das famílias pois, em última instância, são elas, e sempre elas, a base desta sociedade entontecida, que roça o burlesco; parece que somos os figurantes de uma trágico-comédia.
Verifico, tristemente, que, passados cinco anos sobre a data do texto, nada mudou e se mudança houve foi para um agravar da situação seja ela familiar seja ela social.
Falar de Reiki parece um assunto esgotado.
Falar de Reiki reporta-nos à ideia de quietude, de meditação,
quase de inércia.
Falar de Reiki transporta-nos quase que a uma espécie de
ideia de banalidade tantas são as formas levianas com que é tratado
actualmente.
Nada mais enganoso e aparente.
O Reiki não se esgota.
O Reiki é dinâmico.
O Reiki é um estado e uma postura especiais que só pode ser
entendido deste modo por quem realmente o assume como uma atitude responsável
de vida. A sua (dessa pessoa) própria atitude.
Por isso, o Reiki não se esgota porque pode, e deve, ser
reinventado diariamente e, dado que é matéria reinventada, é consequentemente
dinâmico.
Antoine Lavoisier, considerado o pai da química moderna,
disse:
“Na natureza nada se cria, nada se perde tudo se transforma”.
À guisa de brincadeira, quase que me atrevo a perguntar se
Lavoisier não seria Reikiano.
Porque, a meu ver, o Reiki é isto mesmo: a nossa permanente e
consciente (nem sempre) capacidade de nos transformarmos em seres melhores, com
tudo o que a palavra MELHORES contém: melhores pais, melhores amigos, melhores
filhos, melhores colegas, melhores profissionais, mas principalmente melhores
connosco mesmos. E, a par de tudo isto, não nos devemos esquecer de que somos
sempre os maiores críticos de nós mesmos. Para o melhor e para o pior.
A sociedade, ou seja o mundo, está a atravessar um período
conturbado, sem rumo.
Pergunto: quem faz a sociedade e estabelece os seus
paradigmas? Quem são os responsáveis por tanta turbulência? Nós. Única e
exclusivamente nós!
Outra pergunta: qual é o núcleo de uma sociedade? A família.
Sempre e só a família.
Vivem-se tempos em que os membros da família não jantam em
conjunto, não têm tempos lúdicos em conjunto, não vão às compras em conjunto,…
E sabem porquê? Porque o importante é aquilo que se faz para a sociedade, para
o exterior: o sucesso profissional, o sucesso académico, o ficar bem visto
perante o vizinho ou os supostos amigos, o apregoar aos 7 ventos que fazemos
voluntariado, etc, etc…
Estão certamente a pensar que me estou a desviar do propósito
desta partilha. Não estou.
Temos que começar (ou recomeçar) a aprender (ou reaprender) o
que é viver em família, para a família.
Pensem no seguinte: se um membro da família (basta um)
Adoptar uma atitude
compassiva mas firme,
Adoptar uma atitude positiva mas racional,
Adoptar uma atitude tolerante mas vigilante,
Adoptar uma atitude dinâmica mas tranquila,
Adoptar uma atitude silenciosa mas numa escuta permanente,
Então, este membro de uma família qualquer está a fazer
Reiki. Este membro está a incutir e a transmitir à sua família as bases sobre
as quais assenta o Reiki, ou seja, ama com o seu exemplo e sobretudo com a sabedoria
de quem é suficientemente paciente porque, a longo prazo, esta sua atitude será
adoptada pelos restantes membros da família. Teve uma atitude proactiva, ou
seja não esperou que fossem os outros a mudar, deu o primeiro passo e iniciou
ele mesmo a mudança. Imaginem a propagação de uma onda de brisa porque é desse
modo que a mudança se fará sentir por toda a família.
É um trabalho difícil? É, porque implica a maior da mudanças:
a minha mudança interior.
Vale a pena? Vale.
Há alturas em que pensamos que estamos a dar (e desculpem a
expressão) pérolas a porcos? Há.
Há momentos em que quando pensamos que a casa está construída
vem um vendaval e ficamos sem telhado? Sim.
Mas tudo vale a pena quando constatamos que, sem invadirmos a
personalidade e a privacidade uns dos outros, caminhamos todos no mesmo sentido
ainda que por trilhos diferentes de acordo com a postura e a personalidade de
cada um.
As famílias ditas modernas têm inúmeras televisões espalhadas
pela casa, fazem as refeições com um 5º, 6º ou 7º elemento (tv, tlm,
portáteis,…), não partilham as tarefas domésticas, têm receio de expor as suas
tristezas, os seus estados de espírito. Isto não é uma família e o Reiki não é
certamente elemento presente.
A todos nós, que aqui estamos, compete a mudança. E a mudança
implica muito trabalho. O Reiki é universal, como o próprio nome indica, e a
sua universalidade faz-se sentir no núcleo da célula que é a família.
Assim o queiramos!
No dia em que cada um de nós se predispuser em consciência e
com trabalho à mudança, no seio da sua própria família, então estará a
trabalhar para algo muito digno que é a consolidação e a transmissão dos
valores do Reiki individual e colectivo.
Obrigado pela vossa atenção
Bem – hajam!
Partilhado por Elisabete Pinho